Minha Jornada até o Primeiro Triathlon
O Início: Descobrindo o Triathlon
Ouvi a primeira vez sobre triathlon quando trabalhava na Ativo.com (Era programador), colegas de trabalho comentavam sobre a grandiosa distância de um Ironman. Na época eu estava começando a correr, com 103kg e em busca ainda dos meus primeiros 5km, imaginar um triathlon era surreal, e admirável.

Então surgiu a vontade de ingressar no triathlon, e com isso muitas dúvidas também, o que teria que fazer para participar da primeira prova? Vou contar um pouco aqui como amador iniciante na corrida, as dificuldades que tive e as surpresas que encontrei.
Próximos Passos: Equipamento Ciclismo
Sendo apenas um corredor iniciante, com dúvidas se fazer triathlon daria certo, meu próximo passo foi comprar uma bicicleta de estrada, uma Trek SL1500 (alumínio). Por R$ 1.500,00 na época (06/04/2013), usada no Mercado Livre, e por sorte já com sapatilha no meu número. Analisando hoje, tenho certeza que foi a melhor escolha, atendeu minhas necessidades por muito tempo e era improvável conseguir algo bom com este valor.
Ainda sem assessoria esportiva, iniciei meus treinos na bike, e em pouco tempo senti a necessidade de ter um rolo de treino. Na época o mais barato que encontrei foi na Decathlon, o “In’Ride 100” da Btwin. Existem modelos muito melhores (hoje tenho o interativo D500), mas para iniciar, ele cumpriu bem sua função. Basicamente o rolo é essencial para manter treinos a noite, em dias de chuva, ou quando é preciso otimizar o tempo. É difícil manter uma rotina de treinos de bike sem ter um rolo.
Duathlon: Testar as duas modalidades primeiro
Já tinha uma rotina consistente de pedal e de corrida, além de ter feito diversas corridas de 5km como Serie Delta e Circuito das Estações. Com as duas modalidades na manga, decidi me arriscar em um duathlon e descobrir como era essa transição entre modalidades. Queria ter essa experiência de algo que chegava mais próximo do triathlon, sem a dificuldade da natação. Me inscrevi então em um short duathlon em Americana/SP (6/10/2013), sendo 2,5km corrida, 20km bike e mais 5km corrida.
Imaginei que seriam distâncias fáceis a serem superadas, mas me deparei com um percurso com muitas subidas, o que me fez chegar ao meu limite. Definitivamente faltou preparo adequado, treinos de subida e subestimei o volume da prova. Mas estava aí mais uma prova concluída, e o ganho da experiência para treinar de forma mais consciente para uma próxima. Além de entender de forma mais clara uma transição, a prova me tirou diversas dúvidas, medos e inseguranças. Um duathlon costuma ser muito mais barato (inscrição) e com logística simplificada, recomendo muito um antes do primeiro triathlon.

Enfrentando a Natação: Um Novo Desafio
Ainda me faltava resolver uma modalidade, a natação, e para isso entrei em uma academia para iniciar os treinos. Sinto que comecei mesmo do zero, apesar de “saber nadar”, não conseguia manter o nado crawl corretamente, não completava uma piscina de 25m. Na primeira aula já percebi que a natação seria mais desafiadora do que imaginava, mas não impossível. Na academia de natação contei com apoio da professora Simone, que abraçou o desafio comigo.
Expliquei a ela meu objetivo, e todos os dias de manhã me acompanhava de forma a tornar meu crawl mais eficiente. Nesse mesmo momento, procurei uma assessoria esportiva, para ter uma planilha de treinos realista e com objetivos claros. Foi mega importante para a motivação (ter clareza nos treinos) como também evitar lesões ou prejudicar a saúde (invés de melhorar). Morava em Sorocaba, e por meio do Google encontrei a MSTEAM (assessoria do atleta Miguel Sanches). Foi a melhor decisão que tomei, além de me aproximar de pessoas com objetivos parecidos, meus treinos ficaram regrados, variados e a motivação aumentou.

Testando o pedal: Copa Vo2 de ciclismo em Campos do Jordão
Seguindo a planilha meu peso começou a reduzir rapidamente, meu rendimento aumentou muito, e o volume de treinos e confiança também. Por conta disso, mesmo iniciando na natação, me inscrevi no meu primeiro triathlon, o Short Distance de Pirassununga/SP. A prova aconteceria apenas 3 meses depois de iniciar as aulas de natação, no dia 23 de novembro de 2013.
A corrida era onde me sentia mais confortável, na natação estava a treinar todos os dias, mas queria ganhar também mais confiança na bike. Então nesse intervalo, decidi testar meu pedal em uma prova de ciclismo amador, a Copa Vo2 em Campos do Jordão (10/11/2013). Lembro na época de escutar várias pessoas reclamando do valor da inscrição (Algo por volta de R$120,00). Mas ter todo esse percurso fechado, a estrutura de reabastecimento e suporte, sem duvida alguma me valeu muito a pena.
Eram aproximadamente 40km subindo a serra de Campos do Jordão, com vários postos de hidratação no caminho (podíamos trocar garrafas vazias por novas cheias). Fiz a percurso toda com a companhia de ciclistas de todos os níveis. Me lembro até de um que estava com uma Caloi CECI. Durante a prova, se não aguentássemos subir, um carro de apoio recolhia os atletas desistentes no percurso. Sofri muito por falta de condicionamento, e principalmente por não ter focado meu treino em subidas. Alguns momentos tive que descer da bike e caminhar. Totalmente diferente da experiência de fazer um percurso plano como no duathlon. Meu foco era Pirassununga, toda prova de certa forma era um treino, eu ainda estava com uns 86kg, mas concluí a prova muito realizado. Saí de lá com muito mais confiança e resiliência.

Foco total na primeira prova
Com confiança no pedal e na corrida, o foco agora era total para o triathlon em Pirassununga. Eu ainda sofria com a natação, nada eficiente, com a eminência da prova, restava me dedicar a natação diariamente, que foi o que fiz. O único equipamento de triathlon que me faltava comprar, era o macaquinho. No duathlon não foi necessário, pois uma roupa de corrida já era possível realizar a bike. Comprei um macaquinho da marca Flets, inclusive testei algumas vezes nadar com ele na piscina. Nessa altura próximo a prova, eu já estava com aproximadamente 82kg.
Primeira Prova: O Short Distance em Pirassununga
Primeira Prova: A natação
Acredito que a escolha da prova foi perfeita, a estrutura e a organização da prova eram excelentes. Realizada dentro da Academia da Força Aérea, percurso relativamente plano, totalmente afastado de trânsito, lugar pra estacionar, e o principal, natação em represa. A água em represa é mais pesada, mas o ambiente é muito mais controlado que o mar, mais fácil encaixar o nado e se orientar.
Então com menos de três meses de natação iniciei minha prova, e de facto o mais difícil foi a natação. No início, por nunca ter nadado em águas abertas, me desesperei na largada. Me engasguei poucos metros após o início, e ao tentar colocar o pé no chão….. cade o chão? Nunca havia tido essa experiência na água, de não ter onde me apoiar. Após o primeiro susto, controlei o desespero, e boiei de costas até a recuperar a respiração e acalmar os batimentos. Depois daí, encaixei um nado leve, lento, mas continuo!

O último dos últimos
Neste dia, era meu pai foi que me acompanhava na prova, assistindo de longe, tentando me identificar no meio da multidão na água. Houveram duas largadas, primeiro o masculino, e com 10 minutos de intervalo, o feminino. Meu pai viu todos os atletas do masculino saírem da água, menos eu. Viu todas as atletas do feminino terminarem a natação, inclusive atletas desistentes a chegar de bote, e nada de mim. Eu era o último, mesmo em relação ao feminino que largou 10 minutos depois.
Lembro do barco vir até mim, e perguntar, se eu queria abandonar a prova. Disse que não, que eu estava bem, e segui no meu ritmo. O bote me acompanhou o restante do percurso todo, eu fui literalmente o último a sair da água. Lembro de ver meu pai assustado, era o único ali ainda a espera de alguém. Ele falou rapidamente comigo, viu que eu estava bem, e então eu segui. Depois da natação, tudo começou a melhorar.
Primeira Prova: O Ciclismo
Na bike foi tudo perfeito, apesar do cansaço da natação não eficiênte, consegui encaixar um bom pedal. Recuperei muitas posições durante a bike, o que inclusive ajudou a recuperar minha motivação depois da natação sofrida. Confesso que contei com a sorte, cometi o erro de não levar câmara de ar reserva, um pneu furado e acabaria a prova pra mim.
Considero o pedal como a modalidade mais fácil de gerir o esforço, claro que justamente por isso é fácil cometer alguns erros também. Um pedal muito leve, aumenta muito tempo de prova, também prejudica a corrida (maior cansaço). Um pedal muito forte, pode deixar as pernas muito pesadas, e tornar a corrida insuportável.
Primeira Prova: A corrida
Acredito que fiz bem a gestão do pedal, mas o preço a pagar pela natação ruim apareceu na corrida. O acumulo das modalidades, o sol já forte e não levar nenhum gel, fez ser um dos 5km’s mais difíceis que já fiz. Mas em geral, concluí a prova com consistência, ritmo constante, sem quebras. Meu objetivo inicial estava concluído.

Lições Aprendidas e Próximos Desafios
Todos os erros que cometi durante a prova e sua preparação valeram pra não se repetirem nas próximas. Eu tinha em mente que a primeira prova seria um aprendizado, sem grandes objetivos. Não me cobrei muito, sem metas de tempo. O objetivo era concluir a prova de forma constante e entender melhor o triathlon.

Vejo muitas pessoas que já dominam as três modalidades, tem interesse no triathlon, mas não iniciam a modalidade por acreditarem que não estar preparadas. Pela minha experiência, 100% preparados nunca estamos, mas ter me colocado o desafio da primeira prova, sem dúvida foi essencial para iniciar no traithlon. A cada prova, estamos sempre mais preparados para a próxima. É importante apenas tomar cuidado em não projetar um objetivo muito alto logo no início, escolher uma prova curta (jamais um Ironman por exemplo).

A primeira de muitas
Depois dessa prova, realizei várias outras, com muito mais confiança, outros erros e outros acertos. Exatamente um ano depois (com 70kg), no mesmo lugar, fiz meu primeiro long distance (equivalente a um Ironman 70.3, 1.9km/90km/21km). Na época com a companhia da minha namorada (hoje minha esposa) que me motivava a cada volta. Esse dia específico merece outro texto mais detalhado, foi um ano longo e com muitos treinos até chegar aí. Uma trajetória cheia de imperfeições, mas com muitas boas lembranças e nenhum arrependimento.

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